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Desde 2001, ao menos 47 pessoas morreram em episódios de violência escolar
Foto: FreePik
A violência escolar no Brasil mais do que triplicou em 10 anos, segundo dados divulgados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O estudo mostra que entre 2013 e 2023, os casos envolvendo agressões, bullying, automutilações e até ataques letais dentro ou nos arredores de escolas cresceram de forma alarmante. Desde 2001, ao menos 47 pessoas morreram em episódios de violência escolar.
A análise aponta que o número de vítimas de violência nas escolas saltou de 3,7 mil em 2013 para 13,1 mil em 2023 — um crescimento de 254%. Entre as ocorrências mais graves, chamam atenção os 2,2 mil casos de violência autoprovocada, que incluem automutilações, ideação suicida e tentativas de suicídio. Esse tipo de agressão aumentou 95 vezes no período analisado.
Para especialistas, o avanço da violência escolar no Brasil tem origem em diversos fatores. Entre eles, estão a desvalorização do magistério, a fragilidade das políticas públicas na área da educação e a crescente naturalização de discursos de ódio, muitas vezes direcionados a grupos historicamente marginalizados.
O Ministério da Educação (MEC) classifica a violência escolar em quatro eixos principais:
- Ataques letais e premeditados;
- Agressões interpessoais, como brigas e ameaças entre alunos e professores;
- Bullying, com intimidações físicas, verbais ou psicológicas repetitivas;
- Violência institucional, que inclui práticas discriminatórias na rotina escolar, como a ausência de conteúdos sobre diversidade racial e de gênero.
Além disso, o entorno das escolas, marcado por tráfico de drogas, tiroteios e assaltos, também impacta diretamente a sensação de segurança de alunos, professores e demais membros da comunidade escolar.
O levantamento da Fapesp ainda destaca a falta de preparo das secretarias de Educação para lidar com conflitos relacionados a racismo, misoginia e outras formas de intolerância. Com esse cenário, o ambiente escolar, que deveria ser de aprendizado e acolhimento, tem se tornado espaço de medo e insegurança para muitos.