O sonho de Débora, 62 anos, e Marquinhos, 67, finalmente se concretizou: o casal que saiu de Goiânia em um motorhome chegou ao Alasca no dia 28 de agosto, após cerca de seis meses de viagem. A chegada não apenas marcou a realização de um projeto desejado há anos, mas também mostrou que a aventura está apenas começando. “Percebemos que o melhor ainda está por vir”, contou Débora.
Chegada emocionante e primeiras impressões
Ao entrar no Alasca, o casal parou na famosa placa de entrada em Watson Lake, conhecida como “Floresta das Placas”, onde todos que passam deixam registros de suas viagens. “Ficamos umas duas horas na placa, incrédulos e muito felizes. Rezamos, dançamos, tiramos fotos, fizemos vídeos e ligamos para os filhos. Teve até brinde com taças especiais para esse momento”, revelaram.
O casal também já começou a explorar a natureza local, vendo ursos em seu habitat natural, comendo salmão nos rios, e realizando um dos sonhos de longa data: observar a Aurora Boreal em Glennallen, no Alasca. “Foi mágico. Algo que nem em vídeos se compara”, afirma Débora.


De Goiânia ao motorhome: o início da aventura
A ideia de trocar a rotina por uma vida nômade surgiu há anos. Com os filhos já crescidos, Débora e Marquinhos decidiram construir o próprio motorhome e se lançar em uma jornada que passaria pelo Canadá, Estados Unidos e América Central antes de chegar ao Alasca. “Ficamos fascinados ao conhecer outro casal que fez uma viagem parecida. A partir dali, começamos a planejar a nossa”, contou Débora.
Em julho de 2021, eles compraram um furgão e começaram a transformação do veículo, que foi feita quase toda de forma artesanal por Marquinhos, com ajuda de Débora e da família. “Não é um veículo de luxo, mas tem tudo que precisamos para viver e viajar. Cada quilômetro rodado representa uma conquista pessoal”, explicam.


Desafios pelo caminho
A viagem não foi apenas paisagens bonitas. Durante o trajeto, eles enfrentaram momentos de tensão e desafios mecânicos. Na Bolívia, encontraram longas filas de combustível devido à crise local. “As pessoas dormiam até três dias nas filas para abastecer. Nosso motor só aceita diesel S-10. Quase tivemos que desistir, mas um brasileiro nos ajudou”, contaram.
Nos Estados Unidos, uma trinca no para-brisa do motorhome causou preocupação. Sem reposição do vidro para o modelo da van, a solução foi reforçá-lo com adesivo especial e seguir viagem, torcendo para que não piorasse.

Vida nômade e adaptação
Débora e Marquinhos se adaptaram rapidamente à vida sobre rodas. Acostumados a acampar no Araguaia, viram no motorhome uma evolução natural desse estilo de vida. O dia a dia é simples, mas organizado: cozinham dentro da van, lavam roupas em lavanderias e controlam o uso de água — o motorhome comporta 180 litros, suficiente para quatro dias.
Apesar de viajarem pelo mundo, o casal sente falta do que ficou em Goiânia. “Não é a cidade, nem os problemas. O que faz falta é o calor humano, os amigos, a família. Isso, sim, a gente carrega no coração”, dizem.

Próximos passos da viagem
Com a chegada ao Alasca, novos planos surgem. Débora e Marquinhos pretendem explorar mais o estado por cerca de 30 dias, depois continuar pelo Canadá, Estados Unidos, México e América Central, conhecendo parques nacionais e belezas naturais ao longo do percurso. “Até aqui alcançamos o objetivo, mas a viagem continuará por mais um ano pelo menos. O caminho é mais importante que o destino”, brincam.
Entre paisagens, encontros e histórias marcantes, a jornada do casal que partiu de Goiânia em motorhome prova que a liberdade de viver sobre rodas pode transformar a vida de quem se permite sonhar grande.